Redução das taxas de juros do Banco Central: um clamor urgente da sociedade brasileira – Por Guiomar Vidor*
No dia 30 de julho, as centrais sindicais organizarão uma manifestação nacional pela redução das taxas de juros, com atos públicos programados em todas as cidades que possuem agências do Banco Central.
A redução das taxas de juros é uma questão crucial para a classe trabalhadora, os setores produtivos e a ampla maioria dos brasileiros. No entanto, a maioria da população ainda não compreende totalmente os impactos da política monetária em suas vidas.
A mídia neoliberal, juntamente com banqueiros e rentistas, pressiona o governo a cortar investimentos sociais e a limitar os gastos com a seguridade social. Utilizando a justificativa de controlar o déficit público, esses grupos criticam intensamente o que chamam de “gastança” do Estado e promovem uma especulação frenética contra o real no mercado de câmbio.
Esses grupos apontam o crescimento das despesas sociais do governo e a política de valorização do salário-mínimo como causas do desequilíbrio financeiro. Entretanto, essa narrativa ignora a verdadeira origem do déficit, que é financeira. Eles defendem reformas constitucionais para desvincular o salário-mínimo da correção de benefícios sociais, afetando principalmente aposentadorias e o Benefício de Prestação Continuada (BPC).
O discurso dominante omite deliberadamente o enorme impacto dos pagamentos de juros da dívida pública no orçamento, que é um dos principais fatores do desequilíbrio entre receitas e despesas governamentais.
Números Reveladores
Os dados são claros e preocupantes. Em 2023, o governo federal destinou mais recursos para o pagamento de juros da dívida pública do que para os ministérios da Saúde, Educação e Desenvolvimento Social juntos. O Ministério da Saúde gastou R$ 170,26 bilhões, enquanto os Ministérios da Educação e do Desenvolvimento Social gastaram R$ 142,57 bilhões e R$ 265,29 bilhões, respectivamente. No total, esses três ministérios consumiram R$ 578,13 bilhões, enquanto os juros da dívida pública somaram R$ 614,55 bilhões, um aumento significativo em relação a 2022, quando os juros consumiram R$ 503 bilhões.
Os recursos destinados à saúde, educação e assistência social beneficiam milhões de brasileiros, enquanto o pagamento dos juros enriquece um pequeno grupo de banqueiros e rentistas, tanto nacionais quanto estrangeiros. Isso resulta em uma transferência perversa de renda, exacerbando a concentração de riqueza e aprofundando as desigualdades sociais.
Para mudar essa lógica injusta, é necessário reduzir substancialmente as taxas de juros, tanto a taxa básica (Selic) definida pelo Copom quanto os spreads exorbitantes cobrados pelos bancos. A manutenção de juros altos é um grande obstáculo ao desenvolvimento nacional, impedindo investimentos públicos, crescimento econômico sustentável e a criação de empregos decentes.
Mobilização e Conscientização
As forças democráticas e progressistas devem intensificar os esforços de conscientização para viabilizar manifestações vigorosas em todo o país pela mudança da política econômica e a redução dos juros. A CTB está mobilizando esforços para garantir o sucesso da manifestação nacional convocada para o dia 30 de julho.
Embora a iniciativa parta das centrais sindicais, essa luta vai além do mundo do trabalho. Envolve também setores expressivos do empresariado e outros segmentos da sociedade que são prejudicados pela política monetária atual. É fundamental ampliar essa luta, envolvendo todos os interessados na redução das taxas de juros.
A manifestação nacional pela redução das taxas de juros é um chamado urgente para reverter políticas que têm perpetuado desigualdades e impedido o desenvolvimento sustentável do Brasil. É uma luta por justiça social, desenvolvimento econômico e uma distribuição mais equitativa da riqueza nacional.
*Guiomar Vidor- Presidente da CTB RS