• 22 de novembro de 2024

Marcha pela Ciência protesta contra cortes de Temer

 Marcha pela Ciência protesta contra cortes de Temer

O futuro da ciência, para além de incerto, está profundamente ameaçado de extinção. Temer e sua equipe política não compreendem e, se compreendem, ignoram completamente o impacto de tais cortes.

Segundo Tamara Naiz, presidenta da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), Temer considera investimentos como gastos e à medida que os cortes aumentam, se torna mais difícil conseguirmos retomar as conquistas científicas. Ela complementou dizendo que a população não sentirá o contingenciamento imediatamente, mas daqui dois anos, a perda nesses setores será notável.

“Em pouco tempo, em questão de um ano, as pesquisas que acabamos de fazer se tornarão obsoletas e será necessário fazer um investimento muito maior para recuperar um pouco das perdas que estamos tendo agora”, finalizou Tamara Naiz em uma entrevista concedida anteriormente ao Portal Vermelho.

Já em entrevista à União Nacional dos Estudantes (UNE), Naiz completou o raciocínio: “O governo brasileiro passou em um ano de 1,6 do PIB para 0,5 do PIB. Estamos investindo menos em ciência do que os países mais pobres do mundo e isso é muito lamentável”.

Karol Rocha, diretora de comunicação da ANPG, também explica: “A ciência brasileira é uma questão de soberania nacional e o corte proposta para este ano e 2018 está acabando com o futuro e pesquisas”.

De acordo com os cálculos realizados pelo economista Carlos Frederico Leão Rocha, professor do Instituto de Economia da UFRJ, para a campanha Conhecimento Sem Cortes, o setor de Ciência e Tecnologia do país vem perdendo cerca de R$ 500 mil por hora, ou mais de R$ 8 mil por minuto, em investimentos federais desde 2015. Um total assombroso de R$ 11 bilhões em cortes. Essas reduções significam uma perda de cerca de 50% do total de financiamento para a produção de conhecimento nesses dois anos.

Diante dessa drástica diminuição, institutos de pesquisa já anunciaram a real possibilidade de fecharem as portas, como por exemplo o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas do Rio de Janeiro e o Laboratório Nacional de Computação Científica.

A comunidade científica, entidades, especialistas e até ganhadores do prêmio Nobel já alertaram para os riscos que o país corre. Segundo eles, o resultado será a inviabilização da continuidade da pesquisa científica no Brasil.

Em carta em 28 de setembro, 23 ganhadores do Prêmio Nobel afirmam que os cortes irão “prejudicar o país por muitos anos, com o desmantelamento de grupos internacionalmente renomados e uma ‘fuga de cérebros’ que irá afetar os melhores e jovens cientistas” e “comprometer seriamente o futuro do país”.

Marcha pela Ciência

A marcha realizada neste domingo foi o terceiro e maior ato realizado. Além de protestar contra os cortes de aproximadamente 40% do governo Michael Temer no orçamento da ciência brasileira, os participantes também reivindicavam a revitalização dos Institutos de Pesquisa do Estado de São Paulo e a luta pelas universidades públicas.

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Marcos Buckeridge, professor da USP e um dos organizadores do evento, disse que a adesão superou as expectativas considerando as machas anteriores. Ele também destacou a diversidade dos participantes da marcha, com alunos de graduação, da pós-graduação, professores jovens, mais velhos, diretores de instituto, pesquisadores aposentados.

“Já estamos pensando na quarta marcha, mas gostaríamos que fosse diferente dessa, algo em que pudéssemos nos juntar e mostrar a ciência às pessoas”, afirmou Buckeridge à Folha de S.Paulo.

Portal Vermelho

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