• 25 de dezembro de 2024

Comerciários e comerciárias na luta pela prevenção ao suicídio

 Comerciários e comerciárias na luta pela prevenção ao suicídio

Na manhã do dia 14 de setembro o Sindicomerciários Caxias reuniu comerciários, comerciárias, representantes de departamentos de recursos humanos das empresas e membros das CIPAS (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) e, de entidades municipais, para a realização de palestra sobre o SETEMBRO AMARELO – MÊS PREVENÇÃO AO SUICÍDIO, com os profissionais da Assistência Médica do sindicato. O evento, realizado no auditório da entidade reuniu aproximadamente 100 pessoas, resultado do trabalho realizado pela equipe médica e o departamento de saúde, que mobilizaram empresas e trabalhadores para debater alternativas e a necessidade de prevenir o suicídio que está aumentando de maneira alarmante em Caxias do Sul e no RS.

Entre os debatedores da equipe médica da entidade estiveram o Dr. Mário Semtchuk, clínico geral, que apresentou a ABORDAGEM CLÍNICA; a Dra. Cleusa Maria da Rocha Vieira, psicóloga, que abordou a PREVENÇÃO AO SUICÍDIO; e, psiquiatra, Dr. Fabiano Martininghi, que trabalhou o tema das CAUSAS E TRATAMENTO. Também estiveram no evento representantes do poder público municipal, na figura da Dra. Marina Guerra, diretora da Rede de atenção Psicossocial da Secretaria Municipal de Saúde, que destacou a importância de atividades como a palestra e, apresentou os dados do crescimento exponencial dos casos durante a pandemia, quando “foi registrado um aumento, principalmente entre crianças e adolescentes e, na tentativa de suicídio entre crianças. Em 2021 e, 2022, foram registrados 52 casos de suicídio em nossa cidade. ”

O suicídio é um problema de saúde pública no Brasil e os casos têm crescido principalmente entre os jovens. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), sendo a segunda causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, no mundo. No Brasil, já é a quarta maior. Dados da OMS apontam que 32 brasileiros se suicidam diariamente. O dia 10 de setembro foi definido OMS como o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio.

Um número alarmante chama atenção na Serra Gaúcha, especialmente em Caxias do Sul, no número de suicídios registrados em 2023. Até junho deste ano, mais de 40 pessoas, principalmente homens e jovens, acabaram se autodestruindo na cidade, motivo de preocupação para os órgãos de segurança. Com isso, a grande rede de apoio está disponível para pessoas que precisam de ajuda e assim, prevenir o suicídio.

Para Nilvo Riboldi Filho, presidente do Sindicomerciários Caxias, “o acolhimento, orientação e encaminhamento dos casos de depressão nos locais de trabalho pode ajudar a diminuir os casos, pois o tratamento precoce da depressão pode amenizar o sofrimento dos trabalhadores e trabalhadoras”. Nilvo lembra que não existe idade e que, o sindicato conta com atendimento psicológico e psiquiátrico, para que nenhum comerciário, comerciária ou familiar fique sem o acompanhamento e tratamento. “A vida de cada um é importante, e lutamos por todos. Estaremos sempre juntos nessa luta, que é diária! ”

A maioria dos casos de suicídio está relacionada com alguma doença mental não diagnosticada ou não tratada adequadamente. Portanto, esteja sempre atento aos sinais e não deixe de procurar ajuda sempre que sentir necessidade.

40% de trabalhadores entrevistados em pesquisa já tiveram diagnóstico de transtorno mental

O estudo, que foi desenvolvido ao longo de 18 meses, recebeu 245 respostas de um questionário aplicado a jovens trabalhadores de Caxias do Sul com faixa etária entre 15 e 29 anos. Os dados evidenciaram que 40% dos entrevistados já foram diagnosticados com um transtorno mental em algum momento das suas vidas, sendo os mais frequentes o transtorno de ansiedade (36,9%), a depressão (30,2%), o transtorno bipolar (8,2%) e o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (7,2%). Destes indivíduos, 40% apontam não seguirem tratamento regular (uso adequado das medicações e acompanhamento profissional regular). Não obstante, os dados também apontaram grande número de entrevistados que contam com pessoas próximas que já tenham tentado ou cometido suicídio (62%) – sendo em sua maioria amigos próximos (47%), seguido de familiares (37%) e por fim colegas de trabalho (16%).

Quando questionados sobre comportamento de risco, 60% afirmaram que já desejaram seriamente morrer (desejo de morte) em algum momento das suas vidas; 49%  já pensaram seriamente em terminar voluntariamente com a própria vida (ideação suicida); e, 15% confessaram já ter tentado tirar a própria vida (tentativa de suicídio). Entretanto, somente 11% dos participantes se afastaram do serviço, por atestado médico, em razão de algum evento psiquiátrico, e apenas 1% afastou-se do trabalho por laudo previdenciário, tendo recebido auxílio-doença.

A pesquisa apresentada pela Faculdade Murialdo “Suicídio e trabalho: estudo com jovens trabalhadores de Caxias do Sul”, foi desenvolvida pelo acadêmico do curso de Administração, voluntário do Centro de Valorização à Vida e técnico em enfermagem do SAMU, Geder Evando Gomes Weber, orientado pelo professor Ulisses Bisinella, mestre e doutorando em filosofia, e pela professora Gênesis Sobrosa, doutora em psicologia, coordenadora do curso de Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos, dentro das ações do Núcleo de Iniciação Científica da instituição.

Trabalhadores comerciários estão no grupo de risco

Entre os fatores detectados na pesquisa entre os jovens mais expostos estão os econômicos, que mostram maior propensão ao suicídio entre pessoas que trabalham no comércio e na prestação de serviços, principalmente entre os de maior escolaridade e com maior responsabilidade econômica no núcleo familiar. Já, no que se refere ao ambiente de trabalho, o problema atinge pessoas que já sofreram assédio moral; trabalhadores que não conversariam com seus supervisores ou chefes no caso de estarem passando por algum tipo de sofrimento; e, os que não têm acesso a um atendimento de escuta no trabalho.

Como ajudar uma pessoa com depressão 

  • Mostre-se à disposição para escutar e tenha a mente aberta.
  • Ouça sem julgamentos e não minimize o sofrimento da pessoa.
  • Evite frases como “não é tão grave assim”, “já passei coisa pior” ou “você não se esforça o bastante”.
  • Não demonstre pena e evite frases como “é difícil sua vida mesmo, não sei como você aguenta”.
  • Não coloque o foco em você. Durante a escuta, não fale sobre você. Escute.
  • Reforce o quanto você gosta e ama a pessoa e destaque que ela é importante para você.
  • Incentive a pessoa a buscar ajuda de uma psicóloga ou psiquiatra.
  • Mantenha o contato periódico para saber como a pessoa está.
  • Mostre que você está presente com frases como “estou do teu lado”, “estou aqui para conversar” e “tua vida é muito importante”.
  • Pergunte de que forma você pode ajudar e se prontifique.
  • Você enfrenta um momento difícil: ligue para o 188, voluntários do Centro de Valorização à Viva (CVV) estão disponíveis 24 horas por dia, sete dias por semana.
  • Se uma pessoa próxima expressa vontade de se suicidar, leve a frase a sério (a maioria das pessoas fala sobre a vontade antes do ato) e encaminhe a pessoa para ajuda de um psicólogo ou psiquiatra.

Procure ajuda

Caso você esteja enfrentando alguma situação de sofrimento intenso ou pensando em cometer suicídio, pode buscar ajuda para superar este momento de dor. Lembre-se de que o desamparo e a desesperança são condições que podem ser modificadas e que outras pessoas já enfrentaram circunstâncias semelhantes.

Caso não estiver confortável em falar sobre o que sente com alguém de seu círculo próximo procure:

– Centro de Valorização da Vida (CVV) presta serviço voluntário e gratuito de apoio emocional e prevenção do suicídio para todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo e anonimato. O CVV (cvv.org.br) conta com mais de 4 mil voluntários e atende mais de 3 milhões de pessoas anualmente. O serviço funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados), pelo telefone 188.

Você também pode buscar atendimento na Unidade Básica de Saúde (UBS)  mais próxima de sua casa, pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), no telefone 192, ou em um dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).

Serviços disponíveis em Caxias do Sul:

CAPS Cidadania
Rua Plácido de Castro, 733 – Exposição
Atendimento ao público: Segunda a sexta – das 8h às 18h
Telefones: (54) 3901.1324 / 3228.5519
Celular: (54) 98421.0094

CAPS Integração
Endereço: Rua Duque de Caxias, 2631 – Pio X
Atendimento ao público: Segunda a sexta – das 8h às 18h
Celular: (54) 98418 6410 / (54) 98429 6217

CAPS Infantojuvenil Mosaico Aquarela
Rua dos Ipês, 715 – Cinquentenário II
Atendimento ao público: das 8h às 18h
(54) 3901.1296 / 3901.1624
Celular: (54) 98418.8409

Assistência Médica do Sindicomerciários Caxias: (54) 9 9950-9322

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