• 23 de dezembro de 2024

Palestra de Daniela Sandi, do DIEESE, aborda os desafios da categoria comerciária diante das novas tecnologias

 Palestra de Daniela Sandi, do DIEESE, aborda os desafios da categoria comerciária diante das novas tecnologias

No encerramento do Seminário Planejamento realizado nos dias 24 e 25 de abril pelo Sindicomerciários Caxias, os diretores da entidade receberam a palestrante Daniela Sandi, economista-chefe do DIEESE RS, que abordou as transformações no comércio e desafios para a organização sindical com as novas tecnologias.

A técnica abordou o rápido crescimento do comércio virtual, chamado “e-comerce”, bem como a introdução de novas tecnologias no setor e um processo de terceirização acentuado que vem provocando uma precarização do mercado de trabalho e redução salarial.

A economista iniciou o debate apresentando os últimos dados do comércio e economia de Caxias do Sul, disponibilizados até 2021. Atualmente, o comércio representa 17% do emprego formal em Caxias do Sul, com aproximadamente 25 mil trabalhadores (antes da pandemia, até 2021), sendo formado 54% por mulheres.

Já no RS, o comércio representa 23,7% dos empregos formais, com 625.180 trabalhadores e trabalhadoras, “nível que está crescendo, mas não recuperou o nível de 2014, quando o país vivia uma situação econômica diferenciada, antes da Reforma Trabalhista e, de sofrer os efeitos da pandemia de Covid”, complementa a economista.

Nova realidade

As novas tecnologias e as mudanças nos hábitos de consume têm gerado mudanças no setor. “Houve uma migração das vagas de empregos do comércio para as áreas de logística, transporte e tecnologia, o que aumentou principalmente na pandemia, quando as pessoas passaram a utilizar mais a internet para fazer compras sem sair de casa. Assim, presenciamos o fechamento de vagas no comércio”. Para Daniela, “o processo tende a se agravar mais, principalmente com a adoção de processos de autoatendimento. É preciso um processo de capacitação dos profissionais para que estejam aptos a nova realidade e, o debate da sociedade, meio político e sindical para gerar iniciativas de proteção a esses trabalhadores e trabalhadoras”.

Efeitos da crise econômica e Reforma Trabalhista

Segundo a técnica do DIEESE “a crise na economia, a Reforma Trabalhista, a pandemia e as novas tecnologias resultaram não só no fechamento de vagas em alguns setores, como também a precarização dos vínculos de trabalho com a liberação de trabalho intermitente e terceirizado.

As novas tecnologias trazem consigo o acúmulo e concentração da riqueza, a intensificação da desigualdade social”. “Atualmente temos 11 projetos de lei que tramitaram no Congresso para regular o uso das novas tecnologias e seus efeitos no mercado de trabalho. O movimento sindical tem um papel fundamental no debate e em ser agente de transformação”.

Daniela citou a proposta da Conferência Nacional das Classes Trabalhadoras (Conclat) 2022: “Regulamentar o art. 7º, inciso XXVII, da Constituição Federal, que prevê a proteção dos trabalhadores frente a inovações tecnológicas que possam
resultar em desemprego ou precarização, como frentistas, cobradores, caixas, entre outros, implementando políticas de transição para a assimilação dessas tecnologias, com ampla e intensiva qualificação e recolocação profissional”.

Um dos principais temas apresentados e discutidos pelos diretores foi o da concorrência com as novas plataformas de vendas implantadas pelas empresas, que acabam por diminuir os rendimentos dos trabalhadores do comércio e a exigir que os mesmos trabalhem até fora do horário efetuando vendas e atendimentos através de seus dispositivos móveis (celulares, tablets, etc).

Nilvo Riboldi Filho, presidente do Sindicomerciários Caxias destacou que o Sindicomerciários está alinhado com as preocupações trazidas pelo DIEESE. “Estamos empenhados em debater e levar para mesa de negociação da Convenção Trabalhista, CCT, esse tema das novas tecnologias. Bem como, estamos discutindo e firmando parceria com diversas entidades e instituições para a capacitação e requalificação de trabalhadores. Provavelmente não temos como evitar as mudanças, mas é preciso discutir e valorizar o trabalho dos comerciários e comerciárias. A utilização indiscriminada, sem debate e sem controle de novas tecnologias e processos não está apenas comprometendo o emprego e o rendimento dos trabalhadores e trabalhadoras, está causando a adoecimento! A procura por ajuda e tratamento psicológico e psiquiátrico na assistência médica aumentou vertiginosamente, principalmente após a pandemia. Temos caso até mesmo de tentativas de suicídio! Os patrões não podem buscar o lucro a qualquer custo!”, completou.

O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) é uma entidade criada e mantida pelo movimento sindical brasileiro com o objetivo de desenvolver pesquisas que subsidiassem as demandas dos trabalhadores.

Comerciários

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