10,3% já: com a carestia nas alturas, mais se justifica o Piso Regional
Os que mais têm sofrido com as crises, da pandemia e econômica, e com a inflação galopante dos últimos meses são as famílias trabalhadoras que sentem no dia a dia do supermercado, com preço do gás de cozinha, no posto de gasolina ou na conta de energia, a perda do poder de compra dos seus salários. E dentre os trabalhadores, aqueles menos organizados em suas categorias profissionais são ainda mais prejudicados.
Foi para garantir proteção e valorização salarial para estes trabalhadores que o salário mínimo do RS, o Piso Regional, foi criado em 2001. É destinado aos empregados que não tenham piso salarial definido em lei federal, convenção ou acordo coletivo de trabalho, como os domésticos, motoboys e assalariados rurais. São cerca de 1,5 milhão de trabalhadores no estado.
É inadmissível que após dois anos sem reajuste, o governo Leite não escute os trabalhadores e proponha apenas 2,7% para o Piso Regional. Além de ficar muito abaixo da inflação dos últimos 24 meses, tendo como base o mês de fevereiro, que é 10,3%, e não refletir a atual escalada dos preços (segundo o DIEESE, a cesta básica no RS aumentou em 35% neste período), o índice proposto pelo executivo ameaça de extinção o Piso Regional, porque sem reajustes este perderia sua função. Quando foi criado, equivalia a 1,28 salário mínimo nacional.
Santa Catarina e Paraná concederam, neste mesmo período, índices acima da inflação de 10,62% e 12,29% respectivamente aos seus Salários Mínimos Regionais. Isso não gerou desemprego nem perda de competitividade para nossos vizinhos.
O Piso Regional é fundamental para o desenvolvimento com distribuição de renda no RS, por isso defendemos uma mesa de diálogo imediata com o executivo, legislativo, os empresários e trabalhadores para resolver esse impasse. Nossa proposta é o reajuste de 10,3% para, pelo menos, recuperar as perdas com a inflação nos últimos dois anos.